top of page

O que é o tempo?

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 23 de ago. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 24 de ago. de 2024

Na Netflix, é possível assitir um documentário interessante, sob a direção de Adriana L. Dutra e Walter Carvalho, sobre o tempo, esse sempre intrigante, misterioso e polêmico tema e seus mais diversos vieses e efeitos. Para isso viajaram o mundo, entrevistaram escritores, filósofos, pensadores e lançaram uma reflexão sobre a civilização e o futuro da humanidade.

Mas, afinal, o que é o tempo? Santo Agostinho, centos de anos atrás, já dizia: “O que é o tempo? Se ninguém me pergunta, eu sei. Se me perguntam e eu quero explicar, não sei mais”. Benjamin Franklin, pragmático, estabeleceu o conceito americano e bradou: tempo é dinheiro. Já o meu professor Antônio Marçal, lá no colegial, ainda um trintão, romântico de outros tempos, vestido de guarda-pó branco, guarda-chuva e pastinha debaixo do braço, gritou aos sete ventos e eu nunca esqueci: “tempo é vida”.

Estudiosos dizem que antigas civilizações não tinham um conceito muito preciso do tempo. Usavam como referência os ciclos da natureza, suas crenças nos deuses, hábitos e costumes como períodos de colheita ou caça para poder se situar no tempo, de forma passiva, acompanhando o sol ou a posição das estrelas. Havia então muito tempo.

Sommer é uma ilhota norueguesa ao norte do Círculo Polar Ártico com pouco mais de 350 habitantes. Algum tempo atrás, seus moradores iniciaram uma campanha, provavelmente para fomentar o turismo, para que se converta a ilha na primeira zona franca do mundo, eliminando por completo o conceito do tempo. Por sua posição geográfica, seus habitantes estão nos extremos: toda luz ou escuridão completa. Assim, é possível ver garotos nadando às duas da madrugada com luz como se fosse dia. Ou dormindo e roncando ao meio-dia na escuridão total. Seria como voltar às antigas civilizações sem obrigações com o tempo.

Eu não teria tanta pretensão, mas que bom seria se eu pudesse, agora que o meu tempo é cada vez mais escasso e diminuto, não o eliminar, mas medi-lo de outra forma. John Lennon sugeriu contá-lo por número de amigos, eu diria em abraços, em beijos, em noites de amor, em risadas que dei, ou contos que ouvi das pessoas queridas, em vezes que as flores-de-maio estiveram floridas, ou que o hibisco amarelo, as orquídeas, gerânios e a primavera embelezaram a nossa sacada. Ou nas vezes que eu pude ver, maravilhado, os pores do sol descendo sobre as barrancas do meu rio Grande lá no lugarejo onde nasci.

 

José Humberto Scandiuzzi

É engenheiro e autor de três livros. Escreve no blog www.blogdobeto.com.br

 



ree

2 comentários

Avaliado com 0 de 5 estrelas.
Ainda sem avaliações

Adicione uma avaliação
Convidado:
26 de ago. de 2024
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Mais uma crônica do nosso Amigo e colega de infância maravilhosa.Tudo que escreve,sobre qualquer assunto o faz com muita poesia.Esta poesia sobre o tempo segue o exemplo de todas as suas crõnicas.Parabéns para o BETO.

Curtir

Convidado:
26 de ago. de 2024
Avaliado com 5 de 5 estrelas.

Ja dizia Moacir Franco. ( Mas o tempo é que não passa, como nuven de fumaça, a vida é que se esvai. Só agora compreendi que o tempo permanece e eu passei.

Curtir
bottom of page