As bolinhas mágicas
- Beto Scandiuzzi

- 9 de jan. de 2020
- 2 min de leitura
Leio no jornal Clarin de Buenos Aires deste fim de semana a história do Claudio e sua habilidade especial. Claudio, já um rapazote, tem um talento raro para pescar os bichinhos de pelúcia das maquininhas, uma espécie de rouba-moedas que se encontra em lugares estratégicos onde circulam muitas crianças como shoppings, bancas de jornais, lojas de artigos infantis e até escolas. Dizia Claudio que começou de criança, aprendeu com uma tia e o aperfeiçoamento veio com os anos e a experiência. Hoje já conta com mais de cem ursinhos, gatos, cachorros, macacos, leões pescados com esse talento especial e que estão espalhados pela casa. Para quem já experimentou e sabe das dificuldades de se conseguir pescar um bichinho, a cifra angariada é espetacular. Na maior parte das vezes, a moeda entra na caixa da máquina e a frustação arrebenta o peito.
O meu netinho Totô com seus dois aninhos e meio adora ir comigo à padaria que fica na esquina próxima ao nosso apartamento. Basta anunciar o passeio para que ele abra um sorriso, calce o tênis, me dê a mão, um tchauzinho à avó e lá vamos nós pela calçada que nessa época do ano está linda, forrada de flores de sibipirunas, que ele já aprendeu a admirar. Na padaria ele já tem estabelecida uma rotina: um pilé (picolé) de uva, que ele chupa bem devagarzinho não sei se para durar mais como eu fazia na minha infância, toma um suco de laranja enquanto observa sentado o movimento: um menino da sua idade que brinca na outra mesa, o cuidador de carros que entra correndo com um montão de chaves na mão, uma mamãe que sai com seu bebê no colo e um saco de pão. Num estado de pura alegria.
Mas o ápice do passeio, que eu deixo para o final, é ir à maquininha de bolinhas de uma espécie de silicone com imagens de super-heróis, times de futebol, com cores que brilham no escuro e ainda por cima pulam quando as jogamos no chão. Ele já sabe que a maquininha funciona com uma moeda, e que tem que enfiá-la num buraquinho, girar uma chavinha, abrir uma portinha abaixo e esperar cair a bolinha. A alegria no seu rostinho é impagável.
Outro dia ele tirou uma com o símbolo do Guarani, time do papai e que ele já aprendeu que é o “bugão”. No outro, tirou uma com o Corinthians, que ele chama de “timão” e que ele sabe que é o time do vovô e da mamãe dele.
O Claudio, o da história do Clarin, além da sorte, atribui seu talento à esperteza de buscar as máquinas com bichinhos colocados perto da boca e com garras de quatro pontas. Não é caso do Totô, as bolinhas vêm aleatórias e a pura sorte. Sorte que aponta a que ele provavelmente torcerá para o “bugão”, time do papai, ou para o “timão”, do avô babão. E torcer para que ele não vire a casaca para qualquer outro time. É questão de esperar! O Fefê tá de olho!
Novembro, 2019

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