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Eva Peron

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 6 de jun. de 2019
  • 2 min de leitura

Eva e Juan Perón, mesmo passados tantos anos de suas mortes, são ainda hoje figuras importantes e influentes no cenário político argentino. Cada um com seu peso. Frases, gestos, pensamentos são repetidos e suas fotos juntos ou separados são obrigatórias nos palanques dos candidatos peronistas. Dizem que somente eles, os peronistas, são capazes de governar o país com alguma estabilidade. Incapazes de caminhar ao futuro, o passado perambula entre trevas e fantasmas.

Neste mês de maio se completaram os100 anos do nascimento de Eva e foi um festejo no país inteiro. Caravanas de políticos de todos os cantos se dirigiram a Los Toldos, a cidadezinha onde ela nasceu, apenas para uma foto em frente ao museu que se construiu em sua homenagem. Para aparecer nos jornais e TV. Este é um ano de eleições gerais na Argentina.

Perón faleceu em 1974 e Evita, como era carinhosamente chamada, em 1952 aos 33 anos de idade, de um câncer no útero. Embalsamada por um médico especialista espanhol, seu velório durou nove dias e uma multidão inconsolável e em lágrimas passou em frente ao seu caixão apesar do frio e da chuva. Seu corpo foi guardado na sede da CGT, a famosa Confederación General del Trabajo, à espera de um mausoléu que nunca foi construído, onde esteve até 1955 quando um golpe militar derrubou Perón. Em 1957 os militares desapareceram com seu corpo o qual esteve vagando em segredo por Alemanha, França, Itália, até ser devolvido em 1971 a Perón, em sua própria casa de Madri onde se encontrava exiliado. Regressou a Argentina em 1974, repousa desde 1976 numa tumba coberta por três chapas de aço, cada uma delas com fechaduras com códigos combinados no cemitério de La Recoleta, localizado num bairro de ricos que ela odiava. É visita obrigatória para quem visita Buenos Aires.

Quando viva foi mão direita de Perón e teve participação importante no seu governo à frente de uma espécie de ministério social onde atendia pobres e trabalhadores e lhes presenteava com casas, geladeiras, máquina de costura, cadeiras de rodas, dentaduras, alimentos. Época de uma Argentina rica, celeiro do mundo, quando dinheiro não faltava; uma lenda diz que à falta de onde guardar as barras de ouro o Banco Central Argentino as apilhava despreocupadamente pelos corredores do prédio.

Chamada pelo povo como “Abanderada de los humildes”, “madre de los descamisados”, pouco antes da sua morte o Congresso Nacional lhe concedeu o título de “Jefa Espiritual de la Nacion”.

O ano passado, acossado pela crise e de bolsos vazios, o governo argentino recorreu ao FMI que lhe emprestou bilhões de dólares. Endividado com Deus e todo mundo, o povo vê com preocupação o futuro. Mesmo assim, a CGT, a mesma que inicialmente acolheu o corpo embalsamado de Evita, agora pretende torná-la eterna com um lugar cativo no céu. Esses dias, em uma assembleia especial, decidiram que levarão ao Papa Francisco um pedido para a beatificação de Eva. Santa Evita del Pueblo, pedem.

Maio, 2019

 
 
 

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