Notas de viagem Itália 2014 Parte 1
- Beto Scandiuzzi
- 6 de set. de 2018
- 3 min de leitura
1. Chegamos a Roma num voo da Alitalia, numa manhã fresca de setembro quando os primeiros raios de sol apareciam na linha do horizonte. Depois, com saudades dos tempos da Mogiana, fizemos todos os trajetos internos de trem. Como é usual, todas as estações de trem têm seus nomes. Não sei por que, talvez o idioma, mas poderia ficar horas escutando o alto-falante das estações anunciando nas paradas, Stazione Santa Lucia di Venezia, Stazione Santa e Maria Novella de Firenze, Stazione San Pietro de Roma, …
2. Nota-se imigrantes por todo lado, africanos, asiáticos, da Europa do Leste. Poucos com trabalho regular, a maioria tentando vender bugigangas nas ruas para turistas. São cada vez mais. No passado, suas terras eram colônias dos brancos, agora são eles que invadem a Europa, em busca da migalha que cai da mesa daqui que é pouco, mas é muito mais do que tinham na sua terra de origem.
3. A Itália é um país produtor de bons vinhos. Mas, segundo os próprios italianos, não somente o vinho acompanha uma boa massa, a cerveja também. Cervejeiro que sou, experimentamos logo uma das mais populares, a “Moretti”. Enquanto degustava a loura gelada não resisti que meus pensamentos voassem ate os Moretti, vizinhos da nossa casa da Aramina da minha infância, muito pobres e sem saber que tinham parentes ricos na Itália.
4. Roma a. Carlos H. Cony a chamou “a filha da loba” numa crônica belíssima escrita em 2003. Quem tem boca vai a Roma, todos os caminhos levam a Roma, são ditos populares que identificam esta cidade, única, inigualável.
Também se diz “a Roma di Bernini”, tantas são as obras que este artista espalhou pela cidade. A minha favorita, a Fontana de Trevi, ele apenas a concebeu, construída que foi após a sua morte. Fellini a mundializou com seu filme La Dolce Vita quando Anita Ekberg, exuberante num vestido negro tomara que caia, passeia por suas águas. Já revi esta cena não sei quantas vezes e confesso não entender como Netuno, o deus do mar, que a enfeita, não caiu lá do alto do seu pedestal.
b. Em visita à Basílica de São Pedro notamos que uma ala estava isolada aos turistas. De repente, de dentro de uma capela, sai um cortejo com um caixão de defunto. Roma é a cidade eterna, mas a gente é mortal, mesmo estando aí tão perto de Deus.
C. Capela Sistina – Do lado de fora da capela um guia espanhol explicava que o Papa Sisto IV (daí o nome Capela Sistina), a inaugurou em 1483 como um salão para atos religiosos e atividades papais. Em 1508 outro papa, Júlio II, encarregou a Michelangelo para que pintasse os seus afrescos na sua abóboda. Vinte e tantos anos depois, a pedido de outros papas, Michelangelo pintou na parede do altar sua obra maestra “O juízo final.” Hoje, ponto turístico obrigatório, é onde o Pai, o Filho e o Espirito Santo, com a ajuda dos cardeais, elegem os novos papas. Dita a “maravilha do renascimento”, aquele que a vê uma vez nunca a esquece.
d. Um passeio noturno pela cidade era uma pendência de uma viagem anterior. Fora a Via Véneto, uma das mais sofisticadas e elegantes, com lojas, restaurantes, cafés, incluindo o Café de Paris, preferido de Fellini, se poderia dizer que Roma é mal iluminada, com uma luz fraca, amarelada, mortiça, como a minha velha Aramina de antigamente. Diria quase iluminada a lampiões.
Julho, 2014
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