O rei Pelé
- Beto Scandiuzzi

- 9 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
De vez em quando em rodinhas de amigos ou programas esportivos escuto discussões acirradas sobre quem foi o maior jogador de futebol de todos os tempos. Em geral, a disputa recai sobre Pelé, Maradona e Messi. Acho ridícula a discussão e me recuso a participar. Pelé e Maradona foram os melhores em suas respectivas épocas, assim como Messi muito provavelmente o será nos tempos atuais. E ponto-final.
Falo disso ao ver os problemas de locomoção que Pelé vem enfrentando nos últimos anos. As últimas gerações não sabem o que jogava esse senhor cujo nome de batismo é Edson Arantes do Nascimento e que vai cumprir 80 anos agora no final de 2020. Foi jogador de futebol, mas dizem os entendidos, poderia ter triunfado em qualquer prova do atletismo daquela época pela sua incrível capacidade física: saltava 1,80 de altura, 6,50 de distância e corria 100 metros em 11 segundos.
Marcou mais de mil gols, interrompeu uma guerra, fez o público expulsar um juiz que o havia expulsado, fez sofrer milhões de torcedores adversários. Eu incluído. Jogou três Copas do Mundo alcançando o ápice em 1970 no México quando levou o Brasil ao tricampeonato mundial e à conquista definitiva da Taça Julius Rimet. Foi num 21 de junho como esse que passou, 50 anos atrás, que o Brasil jogou a final contra a poderosa Itália. Fora um gol que o juiz inexplicavelmente anulou, Pelé fez outro e deu passes para outros dois na goleada de 4×1. Um deles, o do Carlos Alberto, considerado por muitos um dos mais lindos de todas as Copas do Mundo.
Olhando o tape dessa final é possível observar que jogavam de outra forma, em outro ritmo, em outra velocidade. Mas ali estavam em campo alguns dos melhores jogadores do mundo daquela época. E, como já vi o tape várias vezes, cada vez que vejo observo um detalhe. Foi mais ou menos aos 25 minutos do primeiro tempo. Pelé avança com a bola sobre a defesa italiana, sofre uma sarrafada por trás e vai ao solo. O juiz apita a falta e Pelé fica se contorcendo em dor esfregando a canela. Mário Américo, o massagista brasileiro, entra em campo para atendê-lo e é expulso pelo árbitro que era da antiga República Democrática da Alemanha, comunista, já extinta, e que de democrática não tinha nada. Pelé continua caído, reclama ajuda, o árbitro não lhe dá bola e gesticula veementemente para que se levante autorizando o reinício do jogo. O jogo é reiniciado, Pelé se levanta manquitolando e continua a jogar.
Neymar deveria ver esse lance. É só ir lá no Youtube.
Julho, 2020

.png)



Comentários