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Ossos da idade

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 5 de ago. de 2019
  • 2 min de leitura

No restaurante

Domingo passado fomos todos almoçar em comemoração ao aniversário da Rô; e ela, como aniversariante, tinha direito a escolher restaurante. Escolheu o Abraccio, italiano, que fica no Shopping Iguatemi; chegamos eu e Vera primeiros, sem surpresa, a melancolia e a ansiedade andam juntos com a idade. A fila de espera na porta do restaurante já era grande quando chegamos; me aproximo da recepcionista para anotar a reserva, ela uma jovenzinha de olhos celestes e sorriso de batom vermelho carregado;

– Bom-dia – me diz amavelmente -, para quantas pessoas?

– Oito – respondo, já incluindo o Fefê e a Maria (o Thomás, ainda no colo confortável da mamãe, não pediu lugar).

– Olha – emendo -, tenho uma grávida no grupo, poderia nos colocar na prioridade?

– Claro – me diz ela, dando-me o controle de chamada.

Aproveito e peço um chope, ela me havia dito que na espera custa a metade, e me afasto. Logo chegam todos e poucos minutos depois o alarme soa indicando que nossa mesa estava pronta. Enquanto nos acomodamos a Fer comenta que fomos passados na frente não por ela que está grávida, mas por mim quando fiz a reserva. Caímos todos na risada e fiquei pensando no que a mocinha de olhos celestes havia feito, talvez não acreditou em mim quando disse que havia uma grávida no grupo, mas não teve dúvida em acreditar nos meus cabelos brancos e olhos cansados.

No cinema

Sempre que vou ao cine em Rosário, Argentina, que visito regularmente, peço a entrada, “una, para jubilado”; é que descobri que por lá os aposentados, que em geral são maiores de sessenta e cinco anos, pagam meia entrada. Nunca a mocinha da bilheteria me pediu algum documento.

No ônibus

Das cinco possibilidades permitidas para usar os assentos preferenciais do ônibus, eu não era obeso, nem gestante, nem pessoa com bebê ou criança de colo, nem pessoa com deficiência. Sobrou a quinta, idoso, com direito a desenhinho com bengala.

Março, 2017

“O diabo é que, quando o sujeito vai chegando ao limiar da sabedoria, é uma pena, está na hora de morrer.” – Otto Lara Resende.

 
 
 

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