Pequim, 1971
- Beto Scandiuzzi

- 8 de mai. de 2019
- 2 min de leitura
Agora em abril se completou 48 anos de um feito que mudou a história mundial: a visita de uma delegação de jogadores americanos de tênis de mesa, também conhecido por pingue-pongue, à China comunista comandada com mão de ferro e sangue por Mao Tsé-Tung. Corria o ano de 1971 e desde 1949 nenhum americano havia colocado os pés naquelas terras milenares.
Por trás da visita estava a estratégia americana de se aproximar dos chineses, abrir um mercado consumidor gigantesco e tê-los como aliados na então dita guerra fria que os gringos travavam contra os soviéticos. Nascia o que se conhece hoje como a “diplomacia do pingue-pongue”. Richard Nixon, presidente americano, visitaria a China em 1972, apertaria a mão de Mao e o mundo nunca mais seria o mesmo.
Eu, desde jovenzinho adorava jogar pingue-pongue, uma diversão de quase todas as noites no clube do Aramina FC, das poucas que então havia para preencher nossos dias aborrecidos e cheios de tédio naquele lugarejo querido de beira de estrada onde nascemos. Éramos um grupo de amigos, alguns mais velhos, chegamos a formar uma equipe e jogamos em várias oportunidades contra as cidades vizinhas. Na maioria das vezes perdíamos.
Nos últimos meses venho tentando ensinar o Fefê a jogar pingue-pongue. Aos poucos ele vai pegando gosto e jeito e melhorando o seu jogo. Já até ensaia algumas cortadas e jogadas de efeito. No fundo, apenas uma diversão sadia neste mundo digital e em ebulição constante. E de lambuja, segundo estudos, melhora a concentração e a memória. Não espero que ele seja um craque nem tenha que enfrentar os chineses, grandes campeões mundiais.
Voltando àquele longínquo abril de 1971, não se sabe bem quem ganhou as partidas de pingue-pongue que então disputaram chineses e americanos. Alguns dizem que os americanos perderam para agradar os chineses. Pouco importa, nesse tempo passado, a China se abriu, se fez meio capitalista, é voraz consumidor de alimentos e matéria-prima de todo o mundo e devolve tudo ao mercado em produtos manufaturados com qualidade discutida e preços irrisórios colocando em xeque a hegemonia mundial americana. Nixon, que anos antes de visitar a China havia prometido que jamais apertaria a mão de um chinês, deve estar se revirando no caixão.
Abril, 2019

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