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É o amor

  • Foto do escritor: Beto Scandiuzzi
    Beto Scandiuzzi
  • 5 de out. de 2018
  • 2 min de leitura

Estatísticas recentes a nível nacional mostram que os jovens atuais, a famosa geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, já não têm como objetivo prioritário tirar a carteira de motorista e ter um carro quando completam dezoito anos como era comum na minha geração. Um sinal de independência e status daqueles tempos. A gente logo pensa que é por causa da chegada iminente dos carros autônomos desenvolvidos pelo Google. Mas não. É a nova mobilidade urbana, Uber, internet, aplicativos, redes sociais, outras prioridades que levam os jovens a mudar um costume válido até bem pouco tempo atrás. O carro, mais que um sonho, virou um problema para estes jovens.

Penso nisso sentado na sala de espera da rodoviária enquanto espero pelo ônibus que me vai levar ao aeroporto. Diferentemente de outras vezes, a sala está vazia ou quase. Uma TV no alto da parede mostra as últimas pesquisas eleitorais a uma semana das eleições presidenciais. Não presto atenção. Frustrado, há anos não me interesso por política, se é que alguma vez tive algum interesse.

Na minha frente, um casalzinho de jovens, com pouco mais de vinte anos diria, sentados lado a lado e de mãos dadas. Têm pinta de recém-casados e de primeira viagem. Ele, distraído com um pé sobre a mala, observa o nada, ela mexe no celular. A observo pelo canto do olho. Tem uma beleza simples, pura de quem está feliz, uns traços delicados e não leva qualquer maquiagem. Nem um batonzinho sequer. Nos cabelos compridos, lisos e negros apenas uma fita amarela os prende no alto da cabeça. De vez em quando se olham, sorriem e se beijam levemente. Num momento cai um papelzinho do colo dela, ela se abaixa para pegá-lo e bate levemente a cabeça no espaldar da cadeira. Nada sério, mas ele logo, carinhosamente, segura o rosto dela, dá um beijo no lugar do choque e parece dizer: já vai sarar. Ela sorri e parece dizer: já sarou.

Algumas coisas mudam com o tempo como o caso dos jovens que já não querem saber nada com tirar carteira de motorista e ter um carro. Não é o caso do amor, os jovens seguem se apaixonando da mesma maneira, igual como antigamente e sempre. O amor segue no ar. Ganhe quem ganhe a eleição.

Outubro, 2018

 
 
 

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